sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

ZUMBI DOS PALMARES

Em 1545, o donatário da Capitania da Paraíba do sul, Pedro de Góis escrevia ao seu sócio em Lisboa, Martim Ferreira, solicitando a remessa urgente para a referida capitania de “ao menos setenta Negros de Guiné”. Ele contava dali a um ano e meio despachar para Portugal, duas mil arrobas de açúcar, desde que seus sócios providenciassem a vinda do maior número possível de colonos e, principalmente, de escravos africanos. Em 1559, com Dona Catarina como Regente de Portugal, assinada a permissão para que cada um dono de engenho no Brasil, pudesse comprar até 120 escravos africanos. Era o passo inicial para um famigerado sistema de dominação e escambo que, durante três séculos dominaria as três Américas e, em específico, o Brasil.

Cinqüenta anos mais tarde, este tráfico crescera à proporções estarrecedoras envolvendo desde a Igreja Católica e Protestante até o mais simples fazendeiro, transformando a proporcionalidade entre brancos e negros no Brasil à dois negros para cada branco. Como é sabido, o tratamento que os traficantes e os senhores de engenho davam aos escravos era extremamente desumano, chegando mesmo às raias do sadismo. Os escravos que na África, em suas tribos, eram rivais de outras tribos, no Brasil se uniram contra o colonizador português e, unindo-se, trocaram informações e conhecimentos os quais foram úteis aos processos de fugas e instalação de refúgios. Estes foram chamados de Quilombos.

Em apenas cinqüenta anos os quilombos foram aparecendo por toda a colônia levantando uma bandeira de resistência contra o colonizador português. Tal fato, não aconteceu nas colônias americanas do norte devido aa massificação protestante que não permitia a identificação étnica dos escravos, limitando-os à um primeiro nome e o sobrenome do proprietário dele. No Brasil, obviamente foi estabelecido um sistema de combate aos quilombos mediante a contratação de bandeirantes, mercenários e capitães do mato. Em grande parte vencedores, os contratados dos fazendeiros levavam a vantagem de estarem bem municiados e respaldados por recursos financeiros, enquanto os habitantes dos quilombos contavam apenas com os recursos que os locais lhes fornecia e suas táticas africanas de origem.

No começo do século XVII foi construído em Alagoas o primeiro Quilombo dos Palmares, o mais famoso de todos do Brasil. Palmares era uma verdadeira cidadela de resistência à todos os ataques vindo por parte dos fazendeiros. E o foi por quase um século. O complexo de Palmares começou com o quilombo do Amaro, depois com o Sucupira, seguido do Macaco e finalmente o quilombo do Gigante. Exceto o Quilombo do Gigante, todos os demais foram destruídos pelos próprios ex-escravos. Estima-se que a população de Palmares tenha chegado a cerca de 25 a 30.000 pessoas, no período compreendido entre 1620 e 1695.

A organização Palmarina em nada devia aos costumes e leis européias, vez que já a tinham na Velha África. A descrição do navegador holandês Olfert Dapper em 1602 relata a cidade de Benim na áfrica Ocidental( Nigéria) como “sendo uma cidade composta por ruas largas e perpendiculares com casas construídas lado a lado, com um ou dois pisos, sendo que tais ruas de tão extensas não se vê o fim das mesmas. Toda a cidade é ladeada por grandes paliçadas e profundos fossos”. Imagina-se portanto que o famoso Quilombo do Gigante em Palmares construído pessoalmente por Zumbi tenha sido 85 anos depois deste relato algo igual ou superior a cidade de Benin. Caso contrário, não teriam sido necessários 11.000 soldados e 5 anos de cerco com artilharia pesada e canhões para destruí-lo.

Os habitantes de Palmares, liderados por Zumbi e Gangazuma e estes assessorados por hábeis generais como Bambuza, Cynianta, Dumdum, Mukumbe, Papua, Shegun e outros valorosos membros das elites tribais africanas trazidas para o Brasil tinham uma estrutura de defesa e uma capacidade de resistência somente comparável à cidade de Tróia na história da humanidade.

Dentro do campo da subsistência diária, líderes como o sumo sacerdote Bambushê Adinimodó e o sacerdote Kaundê obtiveram ensinamentos sobre agricultura extensiva e rotativa sendo esta última completamente ignorada por parte dos fazendeiros brancos. A resistência de Palmares ante aos inúmeros ataques que sofreu por tropas enviadas pelo Governador geral do Brasil em Salvador e pelo governador geral da Capitania de Pernambuco em Recife só foi possível mediante a doação de armamentos que lhes foi feita por Maurício de Nassau durante a permanência dos holandeses no Brasil, de 1637 a 1654.

A terra pertencia a todos e o seu produto era dividido por todos. Cada habitante tinha sua residência e podia plantar dentro da área de sua residência o que bem entendesse. Os trabalhos de construção, preparo de lavouras e estoque eram divididos por todos. As crianças eram ensinadas e preparadas desde a infância para todos os eventos desde os costumes tribais até a guerra. As mulheres eram encarregadas da tecelagem e guarda do estoque de alimentos nos silos destinados a tal.

Tal foi a importância da estrutura do Quilombo de Palmares que seus produtos em lavoura e artesanato foram durante anos comercializados com os habitantes das cidades de Recife, Una, Porto Calvo e Seriahem obtendo a preferência dos habitantes ante aos produtos oferecidos pelos fazendeiros locais. Uma das razões desta preferência devia-se a melhor qualidade e tamanho dos produtos de Palmares conseguidos com suor, mas sem lágrimas.

Enquanto existiu, o Quilombo dos Palmares foi a maior dor de cabeça que Portugal e Algarves tiveram no Brasil durante o século XVII, levando o Conselho Ultramarino de Lisboa à loucura total e desespero, investindo altas somas para sua destruição. 1.500 fidalgos portugueses viviam estritamente do tráfico de escravos para o Brasil, o qual, atingiu a soma de 8 milhões de almas. Zumbi dos Palmares deixou uma grande lição na sua luta contra o colonizador branco: A liberdade é um bem precioso demais para ser desperdiçado. Muitos serão libertos e novamente se jogarão como escravos. Para estes a liberdade jamais existiu e jamais poderá existir.

Palmares foi finalmente destruído no dia 20 de novembro de 1695, depois de pelo menos 5 anos de ataques sucessivos liderados por Domingos Jorge Velho, André Furtado de Mendonça e Bernardo Vieira de Melo em expedições financiadas pela Coroa Portuguesa e fazendeiros locais. Por este feito, ambos receberam concessões de sesmarias e prêmios, depois de levarem a cabeça de Zumbi (?) a Recife. Mas tanto Jorge Velho, como André Furtado de Mendonça e Bernardo Viera de Melo tiveram ao invés da glória, um fim trágico. O primeiro, após radicar-se no Ceará, morreu no total esquecimento. Bernardo Vieira de Melo foi preso em Porto Calvo a mando do Governador Caldas e remetido à Lisboa, onde morreu na prisão. André Furtado de Mendonça, preso por envolvimento com uma insurreição, foi assassinado por desconhecidos.

E quanto a Zumbi?

Zumbi está cada vez mais vivo em nossa história, não só como o herói do povo negro, mas como um ícone da luta pela LIBERDADE.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

POESIAS "POUCAS PALAVRAS" (BRUNO TY OSOGUIAN)

"As águas mais claras que repousam aos teus pés

confio em ti osoguian e meu guerreiro tú és

Minha mãe osum que me instrui no caminho

Yansã é protetora nunca me deixa sozinho

Nos caminhos de Ogum meu defensor guerrilheiro

E nos meus passos ativos só pisa os verdadeiros

Orgulho de chegar , e mostrar que to de pé

Sempre levar minha bandeira Omo Oyá meu axé

Poucas palavras e o guerreiro tá vivo

Não sou ovelha perdida no mundo correndo risco

A etnia, é mais que um senso comum

A poesia é feita mas não é pra qualquer um

Gotas de amor , essência da criação

A missão de criar recebi de oxalá “Sabedoria e Determinação ”.

(by Bruno Ty Osoguian)


sábado, 22 de outubro de 2011

ODARA PRODUÇÕES CONEMATOGRÁFICAS

voce que vai fazer sua festa não pode deixar apenas na lembrança , um momento tão importante não pode ficar oculto , entre em contato conosco e faça um orçamento sobre fotos e filmagem de seu evento ou festa , que a Odara produções se encarregado de toda produção.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

É CHEGADO O GRANDE MOMENTO!!!

O dia 26 de novembro é um dia muito importante para nós do Ile Ase Omo Oyá, onde faremos questão de dividir essa grande honra com todos os adeptos e simpatizantes da religião de matriz africana ( O Candomblé) , a partir dás 20:00 na Rua Antenor de Oliveira e Silva estaremos rendendo todas nossas homenagens e demonstrando todo nosso amor a nossa Mãe OYÁ matriarca do asé e nosso pai AYRÁ sem esqueçer que nesta data estará sendo a iniciação de Veras d' Odé , desde já agradecemos a todos pela presença e que aqueles que estiverem presentes alcancem tudo o que por si foi determinado.

Muito Asé a todos!!!

Eparrei Oyá Messan Orun...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

OMO OYÁ "OLUBAJÉ" 2011

No dia 3 de Setembro o Ile Asé Omo Oyá Rendeu suas homenagens ao nosso rei Obaluayê onde tivemos a honra e o previlégio de receber a benção desse grandioso orisá , o candomblé foi conduzido pela Yalorisá do asé Oyá Sinda e pelos Ogans "Mizão , Toledo e Barú ... Contamos tambem com a presença de inumeros amigos como : Ogan Marcelinho Ty Logunedé, Ogan Oranil de osossi , Babalorisá Ronaldo de Ogum , Vania de oyá , Hélida de yemonjá , Tales de ayrá , Fabio de yansã entre outros irmãos não menos importantes que lotaram o asé com força e fé em nosso rei e toda família. Asé a todos !!!

Yalorisá Oyá Sinda


hora do banquete sagrado!



Omolú de egbome André


Agué de luiz


Ossain de Anderson


Yewá de Rebeka


Ogan Toledo , Barú & Ogan Mizão!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

"OLÚBAJÉ"




Temos a honra de convidar todos os adeptos da religião Afro Religiosa para o banquete do rei , no dia 3 de setembro no ile asé omo oyá será realizade o "OLUBAJÉ" e desde já agradecemos a presença de todos , sua presença abrilhantará ainda mais essa festividade em homenagem ao nosso rei Omolú!!! o candomblé será presidido pela yalorisá do asé Oyá Sinda e seus filhos de asé!!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

IIII SEMINÁRIO DE RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANA DE SÃO GONÇALO

IIII SEMINÁRIO DE RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANA DE SÃO GONÇALO

No dia 16/07 Convidamos a todos (as) a participarem, no Auditório da Regional do Sindsprev em São Gonçalo , Rua Feliciano Sodré nº 154 fundos, do IIII Seminário de Religiões de Matrizes Africana de São Gonçalo, com o tema “Onde está a liberdade que ninguém viu?”, nos aspectos de religiosidade, gênero, raça e política, para o fortalecimento da identidade e preservação das religiões de matriz africana.

14 h – Mesa de Abertura – Ilê Ase Nila Ode (Alto de Oxossi) - CEN - Sindsprev/RJ
14:20 hs – Sacerdotes Presentes dos diversos segmentos - Louvação a Orixás, Voduns e Inkinces.
14:30/15:10 hs – I Mesa – Fim da escravidão: 122 anos depois, o que mudou?

Palestrante: Prof. Genilda Maria da Penha – Assistente Social e Pós-graduação na ESG – Defesa do Hemisfério Sul

15:10/15:20 hs – Perguntas da plenária
15:20/15:40 hs – Atividade Cultural – Capoeira – Mestre Machado(Liga Gonçalense de Capoeira)

15:40/16:10 hs – – LANÇAMENTO OFICIAL DA CAMPANHA: QUEM É DE AXÉ, DIZ QUE É!

16:10 /16:20hs Atividade cultural(Jongo/ CEABIR)
16:20/16:50 hs - II Mesa – As religiões de matriz africana e a tolerância religiosa
Palestrante: Jean Wyllys – Jornalista e Escritor

16:50/17:00 – Perguntas da plenária
17:00/17:30 – Ill Mesa – As mulheres no mercado de trabalho
Palestrante: Janira Rocha – Sindicalista

17:30/17:40hs-– Perguntas da plenária
17:40/18:10 IV Mesa – Legalização de Terreiros
Palestrante: Adriana Martins – Yawo do Ase Bangbose

18:10/18:20hs–– Perguntas da Plenária
19hs hs – CONFRATERNIZAÇAO – COOFFE BREAK

19:30/20:00hs--- ENCERRAMENTO com Apresentação do Grupo de Rap Rimologia após palestra sobre Ações Afirmativas (Cotas para negros nas empresas e universidades) com o membro do Grupo Bruno ty Osoguian (Pulga M'c) do "Asé Omo Oyá" SP.

Organização:
Secretaria de Gênero, Raça e Etnia da Regional do Sindsprev em São Gonçalo / Jornal Vozes do Axé/Ilê Asé Nila Ode (Alto de Oxossi) / Cen

Inscrições: Sindsprev RJ – Regional São Gonçalo – Av. Feliciano Sodré, 154 – Fundos – Centro – São Gonçalo/RJ – Tel.: (021) 2604-3434 (021) 2604-3434 (Antigo Ministério do Trabalho – A/L: Banco Itaú)